Início da Produção de Chips Blackwell
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A Nvidia e a TSMC deram início à produção em massa dos chips Blackwell da Nvidia no estado norte-americano do Arizona. A produção está a decorrer na fábrica da TSMC perto de Phoenix, sendo esta a primeira instalação da gigante taiwanesa de chips em solo americano.
Jensen Huang, CEO da Nvidia, visitou a fábrica para assinar a primeira wafer (bolacha) Blackwell, um marco que assinala o arranque da produção do que a Nvidia considera ser o motor da próxima geração de sistemas de Inteligência Artificial (IA).
Detalhes da Fábrica e Tecnologia
A fábrica de Phoenix produz atualmente chips utilizando o processo de quatro nanómetros (4nm) da TSMC. Embora esta tecnologia esteja duas gerações atrás do nó mais recente de dois nanómetros (2nm), que entrará em produção em massa ainda este ano, a fábrica do Arizona é, tecnicamente, um dos locais de produção mais modernos nos Estados Unidos. A Apple foi o primeiro cliente desta instalação, utilizando o processo de 4nm para fabricar o chip A16 Bionic para o iPhone 14 Pro.
Inovações da Arquitetura Blackwell
A própria arquitetura Blackwell introduz melhorias significativas em relação à geração anterior, a Hopper. A Nvidia renovou o Transformer Engine incorporado, um componente otimizado para executar grandes modelos de linguagem. Além disso, foi adicionado um novo Decompression Engine (Motor de Descompressão), concebido para processar consultas a bases de dados de forma mais rápida. A versão mais potente, a Blackwell Ultra, oferece até 15 petaflops de potência de computação para cargas de trabalho de IA. Esta arquitetura constitui a base tanto para GPUs de centros de dados como para chips destinados ao consumidor, bem como para as estações de trabalho DGX Spark, recentemente apresentadas.
Processo de Fabrico e Expansão
A wafer Blackwell, que serve de base a estes chips, passa por um complexo processo de fabrico que inclui camadas, modelagem, corrosão e corte, antes de ser montada nas GPUs completas. Para esta última fase, a Nvidia está a colaborar com a Amkor Technology e a SPIL no Arizona. Estas empresas fornecem o chamado packaging (encapsulamento), que combina múltiplos componentes de chip e memória HBM num único produto físico.
Paralelamente à colaboração com a TSMC, a Nvidia está a expandir a sua capacidade de produção nos EUA. No Texas, a empresa está a trabalhar com parceiros em duas novas instalações onde os supercomputadores DGX serão montados. Prevê-se que estas fábricas estejam operacionais dentro de doze a quinze meses.
A Batalha pelos Contratos da OpenAI
Esta expansão da produção coincide com uma competição feroz por contratos estratégicos no setor da IA. Recentemente, tanto a NVIDIA como a AMD anunciaram acordos com a OpenAI, cujos valores podem ascender aos 100 mil milhões de dólares para cada fabricante de chips, centrados no fornecimento de capacidade de computação.
A Estratégia da Nvidia com a OpenAI
A NVIDIA estabeleceu uma parceria com a OpenAI que poderá envolver um investimento de até 100 mil milhões de dólares, em troca da compra de chips equivalentes a 10 gigawatts de potência. Para a NVIDIA, este acordo não só garante receitas substanciais, mas também lhe permite trabalhar no projeto ‘self-build’ (construção própria) da OpenAI. Isto proporciona à Nvidia uma escala sem precedentes, colaborando com uma entidade que constrói centros de dados à mesma escala que gigantes como a Microsoft e a Amazon, impulsionando assim a sua estratégia de ‘co-design extremo’.
A Resposta Estratégica da AMD
Pouco tempo depois, a AMD anunciou o seu próprio acordo com a OpenAI, que poderá atingir entre 90 e 100 mil milhões de dólares, para a venda de 6 gigawatts em chips. Embora este acordo seja dispendioso para a AMD, uma vez que dilui os acionistas existentes ao fornecer à OpenAI warrants (opções de compra) de até cerca de 10% das suas ações, é considerado estrategicamente vital. O acordo confere à AMD um ‘inquilino âncora’ (cliente de referência) para as suas ambições de se tornar um construtor de sistemas completos, capaz de competir mais eficazmente com os sistemas líderes da NVIDIA, como o NVL 72.
Reação do Mercado e Análise
Desde o anúncio da AMD, a 6 de outubro, as ações desta empresa valorizaram 42%, enquanto as ações da NVIDIA registaram uma ligeira queda. Esta dinâmica gerou críticas nos meios de comunicação social, com alguns analistas a sugerir que estes acordos representam uma nova forma de ‘financiamento circular por fornecedor’, evocando memórias da bolha Dot-Com.
Apesar do desempenho inferior das ações da NVIDIA em comparação com a AMD desde essa data, a empresa permanece bem posicionada. Alguns analistas de Wall Street mantêm o otimismo, prevendo que a NVIDIA atinja lucros por ação (EPS) de 11 dólares em 2027.